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PARA O MANUEL ANTÓNIO PINA - 19.10.2012

filhoslumiere

Atualizado: 3 de dez. de 2024

foto @ Lucília Monteiro


para o Manuel António Pina



é certo que por vezes conversando


lutavas contra luas e olhos baços


semi-cerravas dextras as palavras tuas


como se nos morresses aos poucos


de temor e de ternura


inexplicadas



porém


acostumados ao vaivém do luto


que os teus poemas acendiam


nas duas extremas


do corredor


e em todas as portas do labirinto


ficamos sem saber quem se cansou


da fadiga que te trazia


violentamente inalterado


à nossa presença



pudera eu escrever


com a tinta do frio nas costas


e directamente sobre o tampo polido


de uma mesa do café onde esperar


esse tempo amigo que tu eras


passado a limpo



mas haja noite


haja mais noite


e nós crianças


em perda de sono


envelhecendo cada um na sua voz



Regina Guimarães


a 19 de Outubro de 2012

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